Diretora do Cead comenta sobre o Dia Nacional do Escritor
Nesta terça-feira, dia 25, comemoramos o Dia Nacional do Escritor. A data foi instituída em 25 de julho de 1960, dia realização do I Festival do Escritor Brasileiro, uma iniciativa da União Brasileira de Escritores (UBE). Na época, a UBE era presidida por Jorge Amado e João Peregrino Júnior, que propuseram a oficialização anual da data como celebração desses profissionais.
O objetivo era dar mais visibilidade ao trabalho destes profissionais que nos ensinam, ampliam nosso aprendizado e cultura, se dedicam a narrar histórias, entreter e ensinar por meio da palavra escrita, nos entrelaça em universos poéticos e nos propõe a refletir sobre o cotidiano e a vida.
Vivendo e trabalhando como professora na Universidade Federal de Juiz de Fora, Eliane Borges é Diretora do Centro de Educação a Distância (Cead/UFJF) e escritora. Em alusão à data comemorativa ela faz uma reflexão sobre a escrita. “A escrita, quando chega para a humanidade, rompe com a universidade da oralidade, até então única forma de transmissão de memórias de geração a geração. As memórias agora ganham asas, pois ficam registradas para quem puder decifrá-las, livres de tempos e espaços. Desde que a escrita existe, produto da criatividade humana, as mais diversas artes e conhecimentos dependem dela. Torna-se parte da formação humana, de alguma forma, e pela sua aprendizagem todos se tornam escritores”, afirma.
Eliane Borges destaca a importância dos escritores nacionais. “Os escritores de profissão, ou aqueles que apenas amam esse trabalho, os amadores, não se diferenciam na arte de criar enredos, histórias e registros. Em comum, também, o fato de que escrevem dentro dos limites de cada imaginação e experiência. Com isso, cada escrita sai por aí voando e encontrando outras vivências de imaginação e se conectando a outras experiências”, revela.
A Diretora do Cead/UFJF comenta ainda a relação entre o livro e o escritor. “O livro é então, para o escritor, uma mensagem enviada à escuridão onde estão as outras pessoas que aquele que escreve não pode ver. As obras vão se revelando, recriando memórias, pensamentos e percepções nos formatos de cada um que mergulha nelas e não pertence mais ao autor original. Outras escritas se fazem pela ação nos livros de diferentes espíritos. Essencialmente humano múltiplo, com incontáveis sentidos, o livro é a produção de alguém que se reconhece efêmero. O escritor precisa criar algo permanente, que fale com os outros, e que se eternizam e atravessam tempo e espaço”, frisa.
A escritora relata que as histórias que falam sobre as vidas que passam, mas que nos livros permanecem. “O escritor é porta-voz, de um pedacinho que seja da alma das coisas e das pessoas. Ele é como um xamã, assumindo o papel que foi outrora o da oralidade. Celebremos então o seu dia, o Dia do Escritor, uma vez que sem os livros a vida seria bem menos interessante”, conclui.
A obra “Na Fresta entre os Mundos”
De autoria Eliane Borges, a obra “Na Fresta entre os Mundos” é um romance, uma ficção antropológica e a primeira produção literária da escritora.
“O livro tem um enredo e esses personagens vão vivenciando suas dúvidas, suas dores existenciais. A ideia de escrever o livro surgiu de quando eu fazia o meu memorial de titular, onde tive que mexer em projetos e textos antigos e achei escritos de tempos atrás. Pensei em juntar isso tudo e me desafiar e ver se conseguia escrever uma história. Peguei alguns fragmentos que eu tinha da época, de leituras, juntei e fiz o livro. Ele é reflexivo, é para um público que quer pensar um pouco sobre a vida e sobre conhecimentos tradicionais, mas de uma forma mais leve. Cada um dos personagens tem uma questão para ser resolvida e entre eles algumas coisas vão acontecendo. Eu trabalhei com Identidades opostas, contrastes urbano-natureza. Tentei evitar ao máximo que fosse um livro acadêmico e fiquei bastante satisfeita com o resultado final.
“É um livro erudito. A ideia é uma retomada desse espírito, desse resgate da terra, resgate da vivência com a Natureza, resgate com si mesmo e respeito ao outro, e aprender a lidar com as dores, com o passado e entender porque aquilo aconteceu e que você tem que ir além. Tem uma mensagem muito positiva”, finaliza a autora.